Florestan Fernandes (1920-1995) foi um dos mais influentes sociólogos brasileiros, mas muitos o chamavam de educador sem saber que isso o incomodava em sua modéstia. O equívoco tinha razão de ser. Vários escritos de Florestan tiveram a educação como tema e sua atuação na Câmara dos Deputados, já no fim da vida, se concentrou na área do ensino. Além disso, a preocupação com a instrução era um desdobramento natural de sua obra de sociólogo. “Em nossa época, o cientista precisa tomar consciência da utilidade social e do destino prático reservado a suas descobertas”, escreveu.
https://novaescola.org.br/conteudo/1624/florestan-fernandes-um-militante-do-ensino-democratico
Florestan começou a trabalhar aos seis anos de idade, abandonando os estudos. Somente adulto conseguiu concluir seus estudos em um supletivo e iniciou a sua vida acadêmica na Universidade de São Paulo, no curso de Ciências Sociais (1943).
Junto com o começo da carreira acadêmica, Flroestan escreveu seu primeiro artigo para o jornal O Estado de S.Paulo, intitulado O Negro na Tradição Oral. No ano seguinte, tornou-se assistente do Professor Fernando de Azevedo na cadeira de Sociologia II.
Florestan Fernandes é considerado o fundador da Sociologia Crítica no Brasil. Em suas produções, preocupa-se com reflexões e pensamentos que questionam a realidade social e coletiva de diversos temas como: a problemática indígena, a escravatura, a abolição, a educação e a sociedade, o folclore e a cultura, a Revolução Burguesa e a Revolução Socialista.
Assim como grande parte dos estudiosos dos anos 70, Florestan Fernandes foi preso durante a ditadura militar. Acabou deixando o Brasil para para lecionar no Canadá e nos Estados Unidos. De volta ao nosso país, na década de 80, filiou-se ao PT (Partido dos Trabalhadores), e ocupou o cargo de deputado em 1986 e 1990, tendo ganhado destaque por seus projetos educacionais como o projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
http://redes.moderna.com.br/2012/07/20/florestan-fernandes-sociologia-critica-no-brasil/
A questão apresentada por Fernandes é importante porque questiona como condicionante político a ausência de radicalidade (e negação) do processo de transição política como se desenvolveu naquele período. Talvez o melhor exemplo dessa situação relacione-se ao Colégio Eleitoral, no qual disputaram indiretamente a eleição presidencial Tancredo Neves versus Paulo Maluf, em 1984. Nessa situação parte significativa da esquerda negou-se a ir além dos limites impostos pelos setores liberal-conservador e burgueses, embora existindo um movimento social no qual ela pudesse se apoiar. A opção política significou não somente o limite das forças sociais proletárias que emergiram naquele período, mas também o rebaixamento das forças políticas de esquerda ao “realismo político”: desde as lutas de resistência até as amplas mobilizações populares e operárias. A maioria das oposições partidárias e civis (PMDB, PDT, PCB, PCdoB; OAB, CNBB, ABI) refletiu sobre a impossibilidade de ir adiante, em torno da bandeira de “Só Diretas”, ainda levantada por forças de esquerda, depois da votação da emenda Dante de Oliveira, em 25 de abril de 1984. Nesse sentido dariam razão às proposições daqueles que defendiam um “governo de transição“, na figura de Tancredo Neves. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, comparou tal transição política a uma “guerra de cerco”, na qual a “sociedade civil cercara a fortaleza do Poder“, no entanto nenhum dos dois lados tinha força para o golpe final (Cardoso, 1985, p.5).
http://www.consultapopular.org.br/lutador/florestan-fernandes-grande-mestre-e-lutador-do-povo
Sua carreira é marcada pela publicação de 80 livros. Além de estudos sobre a relação entre a psique, a personalidade e a sociedade.
http://redes.moderna.com.br/2012/07/20/florestan-fernandes-sociologia-critica-no-brasil/
Principais obras:
- Organização social dos Tupinambá (1949);
- A função social da guerra na sociedade Tupinambá (1952);
- A etnologia e a sociologia no Brasil (1958) (resenhas e questionamentos sobre a produção das Ciências Sociais no Brasil, até os anos 50);
- Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959);
- Mudanças sociais no Brasil (1960) (nesta obra Florestan faz um panorama de seu trabalho e retrata o Brasil);
- Folclore e mudança social na cidade de São Paulo (1961) (esta obra reúne trabalhos e pesquisas realizadas nos anos em que Florestan foi aluno de Roger Bastide na USP, dedicados a várias manifestações de cultura popular entre crianças da cidade de São Paulo).
- A integração do negro na sociedade de classes (1964) (estudo das relações raciais no Brasil);
- Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968);
- Capitalismo dependente e Classes Sociais na América Latina (1973);
- A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios (1975) (reedição em volume de artigos anteriormente publicados em revisas científicas e dedicados à produção recente da antropologia brasileira);
- A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica (1975);
- Da Guerrilha ao Socialismo: A Revolução Cubana (1979);
- O que é Revolução (1981);
- Poder e Contrapoder na América Latina (1981).
Aposentado compulsoriamente pela ditadura militar em 1969, foi Visiting Scholar na Universidade de Columbia, professor titular na Universidade de Toronto e Visiting Professor na Universidade de Yale e, a partir de 1978, professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em 1975, veio a público a obra “A revolução burguesa no Brasil”,que renova radicalmente concepções tradicionais e contemporâneas da burguesia e do desenvolvimento do capitalismo no país, em uma análise tecida com diferentes perspectivas teóricas da sociologia, que faz dialogar problemas formulados em tom Max Weber com interpretações alinhadas à dialética marxista. No inicio de 1979, retornou a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, agora reformada, para um curso de férias sobre a experiência socialista em Cuba, a convite dos estudantes do Centro Acadêmico de Ciências Sociais. Em suas análises sobre o socialismo, apropriou-se de variadas perspectivas do marxismo clássico e moderno, forjando uma concepção teórico-prática que se diferencia a um só tempo do dogmatismo teórico e da prática de concessões da esquerda. Em 1986 foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores, tendo atuação destacada em discussões nos debates sobre a educação pública e gratuita. Em 1990, foi reeleito para a Câmara. Tendo colaborado com a Folha de S. Paulo desde a década de 1940, passou, em junho de 1989, a ter uma coluna semanal nesse jornal.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Florestan_Fernandes