Os quadrinhos de Henfil e sua luta – o começo

“A chave para você fazer humor engajado, é você estar engajado. Não há chance de você ficar na sua casa vendo os engajamentos lá fora, e conseguir fazer algo.” 

HENFIL

Ironicamente, os primeiro trabalho de Henfil como cartunista se inicia em 1964, mesmo ano que o Golpe Militar é instaurado no Brasil, regime que Henrique Filho irá combater incansavelmente através de sua obra.

Durante o tempo de vigência do regime militar, o país passou por uma de suas fases mais marcantes, a de opressão de liberdade de expressão e a de uso da força como superior aos direitos civis. Num regime onde a violência e a intolerância imperavam, os que se atreviam a combatê-la eram dignos de admiração. Henfil teve a vida marcada por este regime, tendo seu irmão exilado assim como com a prisão arbitrária de seus colegas de redação e de pessoas próximas.

Os primeiros personagens de Henfil nasceram no jornal Alterosa com os nomes de Baixinho e Cumpridos, os frades. Os personagens eram antagônicos, onde o Cumprido era ingênuo e muito bondoso e o Baixinho era sarcástico e maldoso com comportamentos nojentos. O enredo da história em quadrinhos dos Fradinhos mostravam problemas sociais e políticos da época.baixinho

Apesar de parecer irrelevante atualmente, nos anos 60 e 70, em plena censura, falar “palavrões” ou comportar-se de maneira imprópria gerava grande impacto no regime, fato esse que Henfil conseguiu superar pois já era consagrado pela população, mantendo os militares receosos em atacá-lo – seria considerado um mártir.os doisCURIOSIDADES

Música e História – “O Bêbado e o Equilibrista” (João Bosco e Aldir Blanc)

A música foi composta por Aldir Blanc e João Bosco, lançada em 1979 e gravada por Elis Regina .O Bêbado e a Equilibrista” é uma das mais famosas músicas durante o período militar que assombrou o Brasil  em 1964, e assunto o qual Henfil tanto aborda.

Betinho, sociólogo, ativista pelos direitos humanos, perseguido e exilado na época do regime militar, era irmão do, também genial, Henrique de Souza, o cartunista Henfil, este que foi apresentado ao compositor Aldir Blanc por sua amiga, a cantora Elis Regina, no verão de 1975, iniciando assim uma boa amizade.

Sensibilizado com o falecimento de Charlie Chaplin, João Bosco compôs uma melodia em sua homenagem e chamou Aldir para mostrá-la. Aldir letrou a música e fez uma singela homenagem ao rimar “Brasil” com “irmão do Henfil”, esta rima, que por sua vez teve papel de emoção, mobilizição, transformação e incentivo a uma nação reprimida. Aldir afirmou que se dissesse “Betinho”, ninguém reconheceria, a referência ao irmão Henfil era mais forte, ele já tinha fama na época, enquanto a imagem pública de Betinho veio a se formar com força já pelos anos noventa, principalmente após a criação da “Ação da Cidadania”.

Herbert de Souza, o Betinho, ouviu pela primeira vez a canção, na doce voz de Elis, exilado no México. Seu irmão o telefonou e pôs, sem nada avisar, para que ouvisse. Ao enviar a fita cassete, Henfil escreveu um recado: “Mano velho, prepare-se! Agora nós temos um hino e quem tem um hino faz uma revolução!”. Dito e feito!

A campanha pela anistia irrestrita foi a primeira movimentação nacional que obteve sucesso desde o início da sangrenta ditadura militar no Brasil. Vários manifestos ocorreram no mundo inteiro, inclusive a Conferência Internacional da Mulher, no México, que fez de 1975 o Ano Internacional pela Anistia.

Em 1979, Betinho desembarcou no Aeroporto de Congonhas e se deparou com uma manifestação: Cerca de duzentas pessoas cantavam “O Bêbado e a Equilibrista”.

(Fonte: http://musicasdahistoria.blogspot.com.br/2010/03/fascinante-o-bebado-e-equilibrista-de.html)

Continue assistindo:

Documentário Henfil Plural – Parte 2/5

Um comentário sobre “Os quadrinhos de Henfil e sua luta – o começo

  1. meclessa 13/10/2015 / 5:15 PM

    Pessoal, não deixe de continuar acompanhando o documentário Henfil Plural.

    Segue o link para a Parte 2/5.

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