Teoria do conhecimento

Teoria do conhecimento

 

Em sua concepção teórica de educação Paulo Freire deixa evidente seu posicionamento referente as formas de se adquirir conhecimento. Segundo ele “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.

Segundo Freire, “Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender” (p.23).

Freire explica claramente que através do ensinar, aquele que ensina também aprende o saber, como também da mesma maneira que aquele que aprende o determinado assunto, também passa a ensinar.

Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento. É buscar relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de objeto. Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando assim à sua atitude crítica em face dele.

 

Através da criação da concepção de educação popular ele consolidou um dos paradigmas mais ricos da pedagogia contemporânea rompendo radicalmente com a educação elitista. Num contexto de massificação, de exclusão, de desarticulação da escola com a sociedade, Freire dá sua efetiva contribuição para a formação de uma sociedade democrática ao construir um projeto educacional radicalmente democrático e libertador. Suas ideias de educador sempre contemplou essa prática, construindo sua teoria do conhecimento com base no respeito pelo educando, na conquista da autonomia e na dialogo enquanto aos princípios metodológicos.

A proposta de Freire na sua obra é esse pensar crítico e libertador que serve como inspiração para educadores do mundo inteiro. E de acordo com Freire o ato educativo deve ser sempre um ato de recriação, de ressignificação de significados. O Método Paulo Freire tem como foco a alfabetização que visa à libertação. Essa libertação não se dá somente no campo cognitivo mas acontece essencialmente nos campos social e político. ). Por fim, para Freire, a base da pedagogia é o diálogo.

 

Paulo Freire: Obras e prêmios

Paulo freire possui uma ampla e reconhecida gama de obras. Sua atuação destacada nas áreas da educação e cultura popular serviram como referência no assunto. A importância de Paulo foi reconhecida ao longo de sua vida e perdurou após sua morte – ocorrida em 1997. Como reconhecimento a sua enorme contribuição, Paulo Freire recebeu o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades. Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento (Bélgica, 1980); Prêmio UNESCO da Educação para a Paz (1986) e Prêmio Andres Belloda Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992).

Sua imagem deu origem a diversos prêmios. A Câmara Municipal de São Paulo, por exemplo, criou o Prêmio Paulo freire, que reconhece iniciativas de inclusão social desenvolvidas por professores da rede municipal de ensino.

Abaixo, seguem as suas principais obras:

– A propósito de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 1961.

– Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo. Estudos Universitários – Revista de Cultura da Universidade do Recife. Número 4, 1963: 5-22.

– Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1967.

– Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1970.

– Educação e mudança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1979.

– A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez Editora, 1982.

– A educação na cidade. São Paulo: Cortez Editora, 1991.

– Pedagogia da esperança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1992.

– Política e educação. São Paulo: Cortez Editora, 1993.

 

http://www.paulofreire.org/paulo-freire-patrono-da-educacao-brasileira

http://www.camara.sp.gov.br/blog/abertas-inscricoes-para-o-premio-paulo-freire-2017/

Paulo Freire – A biografia

Paulo Reglus Neves Freire, conhecido mundialmente como Paulo Freire, nascido em 19 de setembro 1921, em Recife (Pernambuco), no bairro da Casa Amarela, hoje chamado de Parmeneri. Seu pai – Joaquim Temístocles Freire –  era Tenente da Polícia Militar e sua mãe – Edeltrudes Neves Freire – dona de casa. Em sua casa viviam, além de Paulo, seus 3 irmãos, seus pais e avó materna.

Em seu livro “Crônicas de Minha Vida” Paulo conta que aprendeu muito com seus pais, que o alfabetizaram e ensinaram, por exemplo, sobre a importância religião  (sua mãe fosse católica e seu pai kardecista), trazendo diversas lembranças de quando sua mãe escrevia com gravetos de árvore frases e palavras que faziam sentido para ele por fazer parte de seu dia-a-dia, o que o ensinou a importância do ato de educar desde cedo. Contudo, também conta que teve uma infância de muitas dificuldades financeiras, e a situação piorou com a crise econômica que iniciou em 1929.

Tentando auxiliar no sustendo da família, Paulo ajudava seu pai vendendo rapaduras escondido, para que seu pai não se sentisse humilhado por precisar da ajuda de uma criança para garantir o sustento da casa. Aos 9 anos eles se mudam para Jaboatão (ainda em PE), e posteriormente, aos 13 anos, o pai de Paulo falece, deixando a família em uma situação ainda mais crítica.

Em Jaboatão passa a estudar em uma escola, seguindo o ensino que até então era realizado com sua mãe, terminando aos 16 anos o ensino fundamental. Quase não existiam escolas públicas ou bolsas, o que dificultou demasiadamente a continuidade dos estudos. Depois de longas buscas, sua mãe encontrou uma oportunidade de estudo no colégio Osvaldo Cruz, onde Paulo pode cursar o segundo ano de ginásio, quase com 17 anos.

Após três anos de estudo no colégio, Paulo procurou o diretor do colégio, Dr. Aluízio, que foi quem permitiu que ele iniciasse os estudos naquele colégio, e perguntou se poderia trabalhar para retribuir todo o aprendizado que estava podendo viver e o diretor convidou-o para ser auxiliar de chefe de disciplina e este foi seu primeiro emprego.

Aos 22 anos, em 1943, Paulo inicia sua graduação na Faculdade de Direito de Recife, enquanto atuava como professor não somente mais no colégio Osvaldo Cruz (onde tornou-se professor de língua portuguesa), mas também em outros estabelecimentos.

Em 1947 ele se forma e abre um escritório junto com alguns colegas. Em sua primeira causa Paulo precisaria confiscar os instrumentos de um dentista por atraso de aluguel. Ele realiza uma visita para verificar o local e, ao conversar com o dentista e entender que ali não havia ma fé, e sim uma necessidade de sustento, Paulo desiste da carreira de advogado e nunca mais voltaria a exercê-la.

Decidido a seguir trabalhando como educador, Paulo é convidado a trabalhar no Serviço Social da Indústria (SESI), criado no governo de Getúlio Vargas, começando como assistente e logo tornando-se diretor da Divisão de Educação e Cultura, cargo em que permaneceu entre 1947 e 1954, e passando a ser superintendente do SESI de 1954 até 1957. Seu trabalho foi a favor das camadas populares e foi onde iniciou a ter contato com o povo, em especial os pescadores, operários da indústria e agricultores da indústria açucareira – classes trabalhadoras atendidas pelo SESI – , o que possibilitou a composição de sua Teoria do Conhecimento.

Entre 1961 e 1964 foi escolhido como Membro do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco, sendo exonerado do cargo em 1964, com o golpe de Estado.

Ajudou a fundar o Colégio de Recife Instituto Capibaribe – instituição de ensino privado que existe até hoje em Recife.

Foi professor universitário, ensinando História e Filosofia da Educação.

Sua tese chamou-se “Educação e Atualidade Brasileira”, recebendo o título de doutor. Lecionou de 1960 até 1964, parando em razão do golpe de 1964, e se aposentando-se aos 42 anos de idade. Participou de um concurso que participou com sua tese de doutorado mas terminou em segundo lugar, perdendo para a tese “Educação da Criança na Grécia Antiga”, o que permite notar que a academia não dava valor para debates e estudos sobre a atualidade brasileira naquele momento.

Paulo Freire acreditava que a alfabetização das pessoas não era o suficiente para alcançar a educação, que seria necessário ter a capacidade de compreender o mundo, de conscientizar-se frente ao que acontece no mundo, de forma que as pessoas pudessem ser cidadãos e ter seus direitos. Essa capacidade de ler o mundo permitiria, aos olhos dele, fazer parte das decisões de sua comunidade, de sua cidade, de seu país.

Entendia que o ensino dos temas desde a alfabetização deveria permear diversos questionamentos, de forma que se pudesse pensar, por exemplo, a razão de ser da exploração, da pressão sentida pelo trabalhador industrial, da dificuldade de ter uma vida com dignidade.

Em 1963, na cidade de Angicos/RN, Paulo Freire pode experimentar a aplicação de sua metodologia de ensino, oportunidade em que 300 pessoas foram alfabetizadas.

Em razão de por em prática sua teoria que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, buscando capacitar os oprimidos tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua capacidade crítica, foi acusado de subverter a ordem instituída foi preso após o Golpe Militar de 1964. Deixou o país após 72 dias de reclusão, exilando-se primeiro no Chile. Durante 5 anos promoveu programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA), oportunidade em que escreveu a sua principal obraPedagogia do Oprimido.

Em 1969 trabalhou como professor na Universidade de Harvard, desenvolvendo experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Durante os dez anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África.

Após a lei de anistia (lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979) voltou ao Brasil, em 1980, depois de 16 anos de exílio. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Em 1989 foi nomeado Secretário na Secretaria de Educação de São Paulo, onde passou a dialogar com vários funcionários, professores, gestores, agentes escolares, supervisores escolares, assim como com estudantes e familiares, sobre a política educacional que pretendia implementar na cidade. Em sua gestão como secretário, que terminou em 1991, teve foco na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores e na abertura de escolas públicas, populares e democráticas.

A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades. Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento (Bélgica, 1980); Prêmio UNESCO da Educação para a Paz (1986) e Prêmio Andres Belloda Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992).

Ao final de sua vida, Paulo Freire tinha todo o sistema circulatória comprometido e há mais de dez anos seus rins funcionavam com dificuldades após um episódio de isquemia (ausência total de afluxo sangüíneo em um local) no cérebro. Faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio.

 

FONTES

Paulo Freire: sua vida, sua obra (2001)

Ana Maria de Araújo Freire

http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/educacaoemrevista/article/view/663/546

 

A gestão de Paulo Freire à frente da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (1989 – 1991) e suas conseqüências (2014)

Dalva de Souza Franco

http://www.scielo.br/pdf/pp/v25n3/v25n3a06.pdf

 

As quarenta horas de Angicos (1997)

José Willington Germano

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73301997000200009

 

Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência (2008)

Márcio Ferrari – Nova Escola

https://novaescola.org.br/conteudo/460/mentor-educacao-consciencia

 

Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira

Instituto Paulo Freire

https://www.paulofreire.org/paulo-freire-patrono-da-educacao-brasileira

 

 

 

 

Paulo Freire – A pedagogia do oprimido

Um dos principais pontos de estudos de Paulo Freire foi proposto quando ele se encontrava exilado no Chile, durante o período da Ditadura Militar. Foi lá que ele formulou a tese da “Pedagogia do Oprimido”, que seria um sistema utilizado pelas classes dominantes para sua manutenção do poder. Este conceito se basearia no conceito de alienação para Marx, em que a fragmentação do trabalho criaria a desunião da classe trabalhadora, por estes não se identificarem entre si. O sujeito alienado (dominado) criaria abstrações pseudo-racionais para justificar sua posição inferior na sociedade, enquanto o produto de seu trabalho era apropriado pelos donos dos meios de produção.

Para Paulo Freire, a solução que poderia antagonizar a “Pedagogia do Oprimido” seria a “Pedagogia da Libertação”, um método de ensino ideológico baseado na Dialética Marxista, em que era apresentado ao oprimido a sua condição social em face do condição dos dominadores, à partir disso, o dominado se tornaria consciente e buscaria a superação desta condição. Tendo em vista esta associação com a teoria marxista, Paulo Freire é muito criticado e responsabilizado pelo estado atual da educação brasileira. Segundo os críticos, o ensino da necessidade de uma revolução cultural seria responsável por formar militantes político-partidários e não estudantes, fato que seria corroborado pela posição brasileira no ranking PISA (Programa internacional de avaliação dos alunos), principalmente na matemática, pois um aluno que visasse desmantelar a lógica de manutenção da dominação não encontraria nas ciências exatas um campo fértil para questionamentos. Toda a questão da pedagogia da libertação faria parte da revolução cultural silenciosa proposta por Antonio Gramsci e os Socialistas Fabianos, fato que é negado por pesquisadores da área, que afirmam que Paulo Freire só entrou nas universidades brasileiras na forma de títulos de biblioteca ou nomes de salão.

Paulo Freire hoje é considera o patrono da educação brasileira, apesar de seus métodos pedagógicos terem sido pouco aplicados no Brasil, tendo maior repercussão em países como Finlândia e Coréia do Sul, referências em educação. O fato é que entender o pensamento social brasileiro passa por entender a influência de Paulo Freire na educação, suas formas de superação da opressão e reflexão ativa dos temas da sociedade, principalmente em salas de aula.

Paulo freire e a experiência de Angicos

A experiência de Angicos se tornou referência quando o assunto era educação. A alfabetização, tema central do experimento, era tida como um processo que envolveria diversas áreas da vida do aluno. O projeto, que alguns tratavam como o mito da alfabetização – pois a experiência era mal interpretada em relação à duração de 40 horas – era desencadeado através das palavras geradoras, onde cada aluno construía seu próprio conhecimento.

O curioso é que Paulo Freire nunca afirmou que a alfabetização se consumaria em 40 horas. O mito desenvolvido a partir do tempo de duração do experimento teve início com de uma publicação de um jornalista, após Paulo Freire escrever a crônica “Angicos 40 graus, 40 horas.”

O grande cerne da proposta de Paulo Freire era obter uma educação para a democracia, uma educação que potencialize a construção da cidadania.

“A Educação de Jovens e Adultos deve fundamentar-se na consciência da realidade cotidiana. Há que se estimular nele a colaboração, a decisão, a participação e a responsabilidade social e política.”

“Angicos rompeu com a dicotomia público-privado, em que o público é visto  como problemático, decadente, incapaz de promover a educação de qualidade, no limite falido, e o privado é exaltado, especialmente o mercado, como eficiente, inovador e proporcionador da educação de qualidade.’’

http://angicos50anos.paulofreire.org/a-experiencia

/http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/04/1-turma-do-metodo-paulo-freire-se-emociona-ao-lembrar-das-aulas.html